Monça

Mas que fui, xunpuda. Tudo ou nada.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Parafusado na gaiola

Estava eu sentado sobre uma parede de pregos, quando vi um pássaro quente cantar pra dentro. Olhei aquilo que saía debaixo de suas asas e, já que ninguém estava dançando na floresta, pedi ao pássaro que desatasse o nó de meu travesseiro. Ele, determinado, sussurrou que sua gaiola precisava de penas, pois senão a geladeira derreteria sua alma. Bem... dado esse novo dado, dei-lhe um queixo sobressalente.

Danadinho de passarinho comovente! Num espelho ele derrubou soluços e quanto mais atinava para o canto de um de seus bicos, mais bocas cantavam para alegrar-lhe a alma. Foi quando, deitado sob um rolo de arame farpado, sem pestanejar, parafusos nas mãos e sonhos ao alcance de suas gaiolas, desandei a voar por debaixo do tapete. Ele, o passarinho aceso, pulando de parede com pregos para gaiolas parafusadas, não teve outra opção senão me vingar diante do juiz enclausurado.

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