Monça

Mas que fui, xunpuda. Tudo ou nada.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Negativa

Negativa feia, asquerosa, indecente, cuspida. Velha suja, imunda, horrorosa. Traste inútil, deficiente. Verme, lixo, doença maligna. Asco divino!

Que bênção tê-la!

Posso pendurar uma luminária em chão vermelho. Posso abrir uma ventania e reparti-la sobre a mesa de pernas movediças para que um pé curto esmague pintos incandescentes. Posso até cheirar o barro das panelas. Posso tudo contigo, velha negativa!
Lembra do ócio? Lembra o ofício? Lembra da dor?

Vou agora cantar sobre almofadas úmidas e gemer enquanto comando uma carruagem ao leste, puta negativa! Vou beijar tuas feridas vazadas, sujas e cheias de vermes pretos enquanto almoço as secreções que caem a todo instante de teu nariz oleoso e me embriago com teu álcool e embriago a teu sangue com minhas palavras. Palavras e frases sobre articulações e defesas. E ataques. E defesas. E tu, velha podre, não sabe a origem do mal que te alucina quando geme sob porcos amaldiçoados que não sabem a origem do mal que alucinam a si próprios.

Quero que sinta o endurecimento de minhas artérias enquanto deitada ébria em meu próprio leito chupe minhas narinas. Quero que sangre como uma vaca sob as nuvens de outubro, como uma unha sob martelos e como vaginas virgens sob falos inúteis. Porcos te devoram as entranhas, bebem tua água, lambem teu vômito, ejaculam atônitos sem te conhecer, suja e imunda carniça nojenta. Podre como a própria água que bebes. Definhas enquanto grito ao teu sangue. Derrubo leite sobre tua mesa e seus gatos a desprezam. E tu, velha horrível, sobe em telhados de pétalas aloiradas para que porcos chafurdem em tua alma. Asco tenho de ti, mas faz-me um bem enorme enquanto vacinas teus porcos.

Vá só, longe andando, só. Deixe que velhos gordos, doentes e traiçoeiros paguem com outras rezas as tuas dívidas. Eleve teu pensamento, queime no inferno se for o caso, mas vá só, sem lembranças, sem angústias, sem mensagens em garrafas nos oceanos ao sul.

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