Monça

Mas que fui, xunpuda. Tudo ou nada.

sábado, 11 de agosto de 2012

Bicho babão



Tanto medo de uma onça, cobra ou ponte alta vem dizer que devo ir sem pensar em bichos ou arquiteturas. Elefantes matutinos atormentam-me com trombas em lugar de narizes de mulheres feias. Pés desnudos com unhas postiças cheiram a enxofre quando pisam minhas narinas adestradas.

- Bicho babão, tenho medo de ti! Bicho babão, tenho medo de ti! Bicho babão, deite aqui.

Formiguinhas traiçoeiras picando meu bumbum branquinho, roedores fedendo a carniça dentro do bolso de uma blusa de lã, velha, muito velha. Muitas velhas mães cansadas não vêm roedores fedendo a carniça dentro do bolso de velhas blusas de lã.

- Bicho babão, tenho medo de ti! Bicho babão, tenho medo de ti! Bicho babão, deite aqui.

Planetários inconscientes, gripes ferozes em ônibus sujos. Não gosto porque sou boba, besta diminuta, criança maldita que grita e faz birra, que chora em silêncio por homens fracos. Que esperneia sobre pedras lisas, sobre águas rasas, sobre gosmas em leite.

- Bicho babão, tenho medo de ti! Bicho babão, tenho medo de ti! Bicho babão, deite aqui.

Pontes altas elefantisíacas, passarelas altas elefantisíacas. Ó! Como como trombas enormes põe elefantes sobre pontes e passarelas quando nelas é preferível estar embaixo, quando delas é bom estar bem longe! Corações e mais corações de uma moeda que não tenho!

- Bicho babão, tenho medo de ti! Bicho babão, tenho medo de ti! Bicho babão, deite aqui.

De tantas e tantas pontes e bichos, e bichos rasteiros em pontes tão altas, e altas e raras mulheres magricelas com pés enormes fedendo a enxofre, resta-me um só coração. Nele com fé, latido não ouço. Medos e vidas e medos e vidas e vidas sem medo, andando descalço, chutando anfíbios em chuvas nefastas...

- Bicho babão, deite aqui! Bicho babão, deite aqui! Bicho babão, eu te amo!

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