Monça

Mas que fui, xunpuda. Tudo ou nada.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Linda poça de máculas

Girafas, pernilongos, tamanduás e bailarinas ociosas permanecem a rodopiar sobre uma lata de soberbas águas doces. Deito as belezas em semáforos de cores únicas, infesto suas saias com mortos e saio a cantar.

Você precisa manifestar suas imprudentes virtudes, do contrário os elevadores e os piões rodarão como nuvens gigantescas sobre seu vaso sanitário, enquanto você voa em círculos vomitando nevralgias.

Sofrendo assim, como bárbaras peladas, armadas com galhos secos e folhas mortas, suas luvas quentes cairão do alto de pescoços estrangulados e sua pureza pobre cederá lugar às girafas escandalosas e gorduchas. Tubarões asmáticos com feridas profundas em suas gengivas hão de se alimentar tão somente das mulheres que, desmamadas, dependuraram sua genitália em varais de louça, inquebráveis.

Traduza isso, pseudo lavrador de terras incultas: quem por terra e areia brigou com seu cão, deitou sobre sua enxada e perdeu as traduções? Traduza lavrador de terras incultas. Besta maníaca que vive no paraíso das metralhadoras de plástico.

Cante comigo! Cante comigo! Cante comigo ou coma restos de borboletas incautas, que fadigadas pousaram suas antenas em telhados imaginários. Poeta displicente!


segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Negativa

Negativa feia, asquerosa, indecente, cuspida. Velha suja, imunda, horrorosa. Traste inútil, deficiente. Verme, lixo, doença maligna. Asco divino!

Que bênção tê-la!

Posso pendurar uma luminária em chão vermelho. Posso abrir uma ventania e reparti-la sobre a mesa de pernas movediças para que um pé curto esmague pintos incandescentes. Posso até cheirar o barro das panelas. Posso tudo contigo, velha negativa!
Lembra do ócio? Lembra o ofício? Lembra da dor?

Vou agora cantar sobre almofadas úmidas e gemer enquanto comando uma carruagem ao leste, puta negativa! Vou beijar tuas feridas vazadas, sujas e cheias de vermes pretos enquanto almoço as secreções que caem a todo instante de teu nariz oleoso e me embriago com teu álcool e embriago a teu sangue com minhas palavras. Palavras e frases sobre articulações e defesas. E ataques. E defesas. E tu, velha podre, não sabe a origem do mal que te alucina quando geme sob porcos amaldiçoados que não sabem a origem do mal que alucinam a si próprios.

Quero que sinta o endurecimento de minhas artérias enquanto deitada ébria em meu próprio leito chupe minhas narinas. Quero que sangre como uma vaca sob as nuvens de outubro, como uma unha sob martelos e como vaginas virgens sob falos inúteis. Porcos te devoram as entranhas, bebem tua água, lambem teu vômito, ejaculam atônitos sem te conhecer, suja e imunda carniça nojenta. Podre como a própria água que bebes. Definhas enquanto grito ao teu sangue. Derrubo leite sobre tua mesa e seus gatos a desprezam. E tu, velha horrível, sobe em telhados de pétalas aloiradas para que porcos chafurdem em tua alma. Asco tenho de ti, mas faz-me um bem enorme enquanto vacinas teus porcos.

Vá só, longe andando, só. Deixe que velhos gordos, doentes e traiçoeiros paguem com outras rezas as tuas dívidas. Eleve teu pensamento, queime no inferno se for o caso, mas vá só, sem lembranças, sem angústias, sem mensagens em garrafas nos oceanos ao sul.

sábado, 11 de agosto de 2012

Bicho babão



Tanto medo de uma onça, cobra ou ponte alta vem dizer que devo ir sem pensar em bichos ou arquiteturas. Elefantes matutinos atormentam-me com trombas em lugar de narizes de mulheres feias. Pés desnudos com unhas postiças cheiram a enxofre quando pisam minhas narinas adestradas.

- Bicho babão, tenho medo de ti! Bicho babão, tenho medo de ti! Bicho babão, deite aqui.

Formiguinhas traiçoeiras picando meu bumbum branquinho, roedores fedendo a carniça dentro do bolso de uma blusa de lã, velha, muito velha. Muitas velhas mães cansadas não vêm roedores fedendo a carniça dentro do bolso de velhas blusas de lã.

- Bicho babão, tenho medo de ti! Bicho babão, tenho medo de ti! Bicho babão, deite aqui.

Planetários inconscientes, gripes ferozes em ônibus sujos. Não gosto porque sou boba, besta diminuta, criança maldita que grita e faz birra, que chora em silêncio por homens fracos. Que esperneia sobre pedras lisas, sobre águas rasas, sobre gosmas em leite.

- Bicho babão, tenho medo de ti! Bicho babão, tenho medo de ti! Bicho babão, deite aqui.

Pontes altas elefantisíacas, passarelas altas elefantisíacas. Ó! Como como trombas enormes põe elefantes sobre pontes e passarelas quando nelas é preferível estar embaixo, quando delas é bom estar bem longe! Corações e mais corações de uma moeda que não tenho!

- Bicho babão, tenho medo de ti! Bicho babão, tenho medo de ti! Bicho babão, deite aqui.

De tantas e tantas pontes e bichos, e bichos rasteiros em pontes tão altas, e altas e raras mulheres magricelas com pés enormes fedendo a enxofre, resta-me um só coração. Nele com fé, latido não ouço. Medos e vidas e medos e vidas e vidas sem medo, andando descalço, chutando anfíbios em chuvas nefastas...

- Bicho babão, deite aqui! Bicho babão, deite aqui! Bicho babão, eu te amo!

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Particular apadrinhado

Querendo ou não ser uma coisa como outra coisa, definhou um parafuso em contagens de porcas, arruelas e manifestações espasmódicas.

Foi então na rua, na marra, sem dinheiro e sem crises, uma patada na sua calda acesa que revelou sua própria noite antes que a diferença de olhares pudesse esconder sua cor. Definido o processo que estabeleceria as andanças no purgatório, a decência esqueceu-se de avisar as intimidades eloquentes do poderio almejado e se foi... foi-se como uma nuvem de capas desbotadas sob cobertores gordurosos e fedorentos.
Te amo serenata enlouquecida e esquecida!!

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Família

Num canavial desavisado um sofá estava desligado esperando uma televisão sentar sobre suas ancas e navegar. E navegar... E navegar...

Dentro de uma caixa pode haver certezas, esperanças e histórias que iluminam minha vida. Um travesseiro não é tudo, assim como um dente pode significar o sucesso de uma jornada, se não doer.

Olho para um violão, calado ao lado de um cavaquinho. Me chamam. Me chamam. A percussão é que me chama, é que me ama, é que me diz que a vida continua. Lugar comum esse... de a vida continuar... lugar comum quero que vá se danar!!! 

Espíritos batem em minha porta me chamando para a quarta-feira. Sorry, ensaio num maldito inglês. Sorry, mais uma vez! É quinta. Eles me chamam... continuarão chamando enquanto chamo minha pobre família...

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Ocasião parcimoniosa

Deleitando meias loucas em pés únicos, desci melancólico por entre as roseiras renitentes enquanto um atordoado físico nuclear remava por entre as luzes de um sismado meio dia pobre.

Desci através das cicatrizes de suas rugas, chafurdei sobre as cinzas de seu umbigo e belisquei as ocasiões indiscretas de seus preâmbulos. Amordaçado, ele gemeu urinando sóis engrandecidos sobre brasas plácidas em seu tornozelo. Quão ignóbil quedou sua frustração, quando alucinado, desandei:

- Forasteiro de uma só praça!! Desça de teus colírios e esfregue sua alma com os sais dos ossos de teus mortos! Salte antecipando uma empunhadura brava, na corriqueira solicitude de suas feridas!!

Ele se acovardou, ante a refrega cerimoniosa:

- Luzes são para latinos, protestantes, endeusados e vagabundos. Sua solidez não diluirá minha retumbância enquanto pequeno, peco.

- Saia do lume de tuas vendas e se refresque com os pingos dos suores das lesmas pirilampas, ordinário acidulante de foscos paroquianos! Tens medo de morder uma brisa enquanto tua mão peleja com teus pés?

- Não vejo um miúdo tão bárbaro quanto os ordinários telepáticos que subtraíram tua surdez.

- Pássaro manco, defenestrado! Sobe um pouco sobre os muros gramados de vínculos assoberbados em infrutíferos pomares da realeza e dirás que, não fosse pela ausência do azul celeste, a noite ocasional pacificaria os prados de tua visão.

Enquanto preâmbulos em episódios sôfregos deitavam carreiras sobre os lombos de hienas, chorei ofuscado pela terra cor de luz que acendia e apagava. E fui dormir, parcimonioso e delicado.

domingo, 5 de agosto de 2012

Mentiu, calçou a ventania e serviu ao orifício



Estava a garagem determinada a abrigar as loucuras de um pé descalço, quando levantou sua barba paralela e fincou sua velocidade numa esteira dividida por uma rede completa, na fazenda de meias.

Ajuda teve, claro. Reteve sua ânsia e causou a jogadora uma metáfora de círculos incompletos e onças pardas em rituais metafísicos. Talvez sacasse ante a lagarta, que sua mãe, genitora e avessa aos pais, derrubasse a música de suas andanças sobre duas ou mais vacinas. Como assim? Não pode por, trazer ou deixar por baixo algo tão determinante em cabeças enegrecidas por ventos debaixo do computador?! Mas ela foi assim mesmo. Espalmou um bagre sobre a pele fria de um colchão leitoso e dirimiu as vidraças gulosas, fazendo com que a absorção espasmódica engolisse suas largas e compridas arritmias.

Deduzi portanto, que nunca iria decifrá-la quem pensasse em decifrá-la desse modo tão humano. Chamei então os humanos indignos, exagerados e portentosos. Vieram lustres arremessados entre patas de insetos rasteiros. Exclamei!! Que tantas areias hão de chuparem antes que as vidas negras regrem suas virtudes? Exauri tudo que a língua podre expurgava enquanto perdia seus últimos tendões. Ela subtraiu a substância dos pés de linguiças esbranquiçadas, horrorosas âncoras flutuando em seios sem bicos e clamou:

- Vem arte primária! Vem debaixo desse calo endeusado por fagulhas descalçadas com águas geladas e ares escuros. Vem! Chama! Chama quem vem, que vem quem me chama e me ama, que ama quem chama, quem vem ou não vem. Vai!

Tenso e ordinário, fiquei a olhar o que saía da frente da velocidade tão alta de um ataque forte numa seleção ociosa. Errei, coloquei meu erro novamente no fundo e disse:

- Boas sãos sua reentrâncias quando pulam sobre asfalto gelado numa tarde de verão suportando rodas pequenas e ágeis! Pernas cativas equilibrando-se em quatro, sobre quatro multiplicado por dezessete. Oito são os mínimos e decisivos números após os quatros serem subtraídos de todos seus dados em rodas pequenas e ágeis.

Ela, devassa, surpreendentemente resoluta, urinou sobre o cadáver de uma pipa recém cortada, manejada por cerdas melindrosas que romperam uma atitude sobressalente e diluíram suas últimas sinfonias:

- Menos ou pior que tudo o que faça, o servilismo pungente de uma raça drogada é enfeitiçado. Malocas ardem enquanto índios desaparecem e você, febre estapafúrdia, defeca ocasiões por entre os pequenos reis desiludidos. Saia. Vá. Adeus.

Penei pelo que tinha em mãos. Amaldiçoei as pulgas ex-abençoadas e fui. Sereno e feliz, fui. Com apenas uma lição sob os nervos abandonados. Fui. E você, rato maníaco, não vai?

Violão

Certa de que tocava, a mão da morena entrou como uma pata em cordas toscas, ajoelhou sobre a barriga de um violão logo depois que sangrou pela primeira vez e, como sua mãe não aprovasse, desatou comer acordes sobre livros rabiscados.
Elefantes em miniatura andaram de costas enquanto a singela buscava em livretos de páginas amareladas sons fabricados como torrões de açúcar. Ela queria, mas não sabia que fingia e mentia. Apenas sonhava com a poesia.
Baboseiras alucinógenas invadiram-lhe os neurônios e a dita seguiu sonhando com a poesia, que como um copo cheio, repleto e satisfeito de águas mansas, não derrama. Mas o copo está cheio. O COPO ESTÁ CHEIO!

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Parafusado na gaiola

Estava eu sentado sobre uma parede de pregos, quando vi um pássaro quente cantar pra dentro. Olhei aquilo que saía debaixo de suas asas e, já que ninguém estava dançando na floresta, pedi ao pássaro que desatasse o nó de meu travesseiro. Ele, determinado, sussurrou que sua gaiola precisava de penas, pois senão a geladeira derreteria sua alma. Bem... dado esse novo dado, dei-lhe um queixo sobressalente.

Danadinho de passarinho comovente! Num espelho ele derrubou soluços e quanto mais atinava para o canto de um de seus bicos, mais bocas cantavam para alegrar-lhe a alma. Foi quando, deitado sob um rolo de arame farpado, sem pestanejar, parafusos nas mãos e sonhos ao alcance de suas gaiolas, desandei a voar por debaixo do tapete. Ele, o passarinho aceso, pulando de parede com pregos para gaiolas parafusadas, não teve outra opção senão me vingar diante do juiz enclausurado.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Seu cuspe tosco


Aulas de loucura. Cuspes em minha genitália florida. Toscos pés lambidos por seu fétido irmão. És soberano sobre machos inteligentes e sensível aos parcos enigmas da inteligência consanguínea. Lebre perversa, beba todo o álcool de tuas frutas e roseiras para que queime com ele, com ela, com os estratos mais baixos e mais altos e com as agruras pueris de teus seios, os indícios de tua juventude cristã.

Prego sobre pregos incandescentes num jardim florido. Cães submissos sobre a coroa de reis endeusados. Lástima pobre, deficiente soberana que emana vácuos de teus bolsos solitários. Rio! Ha ha ha!! Pés vomitados agora fogem de teus quintais para que teu cão, tenebroso arqueólogo, descubra na pré-existência de teu espírito um refúgio póstumo para tua depressão. Alcoviteira perversa!

Nobre é tua causa pois tu és vítima de teu genitor condescendente. Tanto poderias queixar-se com teu patrimônio quanto com teu cônjuge que de nada resultaria. Uma, apenas uma mão leitosa, lisa, faminta e pesada poderia alterar o rumo de tua existência, alcoviteira perversa! Tua mão lacônica plantou dúzias de ventanias e, carrasca, soçobrou meu pênis. Alcoviteira perversa. Alcoviteira incapaz que lentamente exala luxúrias por dentre cavidades bucólicas. Entrelinhas, entressafras, entre gulosas beiçudas que soçobram.

Cuspa em meu rosto. Cuspa agora tuas náuseas!! Cuspa! Cuspa! Cuspa com força! Cuspa em minha cara suja com teu cuspe! Mije em minha cara para que cara a cara eu diga tua razão. Mãos tenebrosas que operam foices e plantam jasmins. Mãos delicadas que seguram machados, alforjes e rédeas de cavalos loucos batem em minha cara suja com teus excrementos. Alcoviteira perversa! Vomite sobre meu anseio a fraqueza de tua lucidez!

Tosca! Te amo como amo a carne podre por dentro de um saco singelo, pendurado num supermercado.